sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ambiguidade.


Esse tal momento em que meus olhos encontram os teus é tão curto e – ao mesmo tempo – tão duradouro. Por uma fração de segundos tudo o que eu queria fazer é retido em minha cabeça como um impasse. Só de me permitir pensar tais atos é torturante, é olhar para aquilo que se quer e não poder ter. E após esse frisson – de minha parte – ao dar de cara com os olhos teus, contentar-me com a distância de nossos corpos é o que me faz despertar desse transe que me envolvestes. Essa nossa realidade me decepciona.
Curto é o momento em si, duradouro é ele em minhas lembranças.





Frisson: arrepio, entusiasmo.
Ambiguidade: significados diversos para uma mesma mensagem.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sobre esquecer e como eu não consigo por nada fazê-lo.


Sinto meus olhos queimando e logo depois lágrimas escorrendo sob minha face. O rímel já todo borrado e minhas maçãs do rosto completamente vermelhas e inchadas. Olho pra trás e vejo quantas dessas cenas já se repetiram em minha vida. O quanto eu já tentei esquecer, seguir em frente. E quantas vezes já fracassei. Mais do que difícil, seria impossível apagar uma parte da sua vida que viveu intensamente, parece até que o passado está perdido e não sabe o seu lugar. Vive presente. E não importa o quanto eu tento te evitar, vejo você em todos os lugares. Na cadeira vazia, no lado oposto da cama, no meu corpo sozinho já não envolvido pelos braços que me fazem tanta falta. O cômico disso tudo é que nunca te tive de verdade, mas o sinto como se fosse meu. Pode ser que tudo o que eu faça não venha a dar certo, que te esquecer seja difícil de mais para mim, mas tudo no final tem o seu sentido. Eu sei que vamos estar juntos. Pode não ser agora, mas num futuro próximo, ou até no último segundo de minha vida, você esteja lá pra segurar a minha mão e falar o que eu sempre sonhei em ouvir.

Porque, você sabe, te tenho comigo até o último momento de minhas lembranças.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sobre nostalgia e o falso eterno.


* Ajo como se estivesse aqui. Comigo. Falo em alto e bom tom na ilusão que me escute ou se importe com o fato de eu não estar bem.


Esquecer é bem mais difícil do que se imagina. Quanto mais se luta, mais ele se torna presente em você.
Ignorar o que o coração te diz é a pior batalha já enfrentada na história. Razão versus Coração... Estarão sempre lá, discordando um do outro.
Seguir em frente depois do que ele te fez é se encontrar com o "nada é pra sempre". Já haviam te avisado, mas os contos de fada te fizeram voar. Voar mais que o necessário para se sonhar.
Imaginar toda a vida o momento em que o amor resolver bater à sua porta para fazer uma visita não funciona. Ele simplesmente vem quando se menos planeja. Não é preciso marcar um dia para recebê-lo... Ele sempre irá pegá-la de surpresa.
Esperar por uma explicação plausível sobre o que aconteceu é uma atitude em vão. Nunca ninguém conseguirá entender o que se passa para algo tão bom acabar... Um dia o amor irá se cansar da sua conversa e partirá para uma outra casa.

A: Como chegamos a esse ponto? O que aconteceu?

B: Não sei... Talvez a culpa seja sua.

A: Ou sua.

Silêncio.

B: Por que não engolimos esse orgulho de uma vez e assumimos que a culpa é de nós dois?

A: Não sei. Não consigo seguir em frente depois do que você fez.

B: Muito menos eu. Ainda amo você.

A: Eu também.

Indivíduo A deixara indivíduo B ali, sozinho... Ele lembrava disso dez anos depois.
Mais um inverno acompanhado por sua eterna nostalgia.

sábado, 17 de abril de 2010

Paz e justiça... Aonde?


Nos dias de hoje, a injustiça não está só presente na mão de bandidos. Presencia-se ela em tudo. Quando aumentam o número de parlamentares, a injustiça chama. Quando o jornal anuncia a morte de pessoas inocentes que estavam em um carro confundido por policiais, a paz já partiu. Aqui jazem pessoas inconformadas com tanta barbaridade. O que a segurança pública fará com os tais policiais? Afastá-los de seus devidos cargos? Isso não é justiça. No tempo de meu avô, os oficiais da marinha combatiam os submarinos da Alemanha que invadiam a costa brasileira. Agora, encontram-se alguns deles estimulando a prática de soltar balões e, consequentemente, acabar com um vasto território vegetal da mata atlântica ou até ferir crianças jogando bola. Injustiça está na mão do menor quando é lhe designado um cargo na boca. Ao invés disso, ele tinha de brincar de bolinha de gude na praça ou então estudar para ser alguém melhor. O pior é que tem pessoas que sonham com oportunidades, com uma vida financeira instável... Porém tudo o que lhes dão são adjetivos generalizantes como "bandido" ou "favelado". Pessoa que nasce no morro já é rotulada no trabalho e por onde vai. A cor branca já não se vê mais, tudo o que predomina é a cor da pólvora. Já pensou que, se o homem não tivesse descoberto a pólvora, nenhum barulho desastroso escutaríamos? Quando Deus criou o mundo, a paz foi uma de suas obras primas. Mas a ação do homem fez com que não houvesse vestígio de onde ela possa estar. "O que estamos fazendo?" Essa pergunta vem em minha mente toda vez que acabam com as esperanças do povo brasileiro de um dia achar a paz. O que antes era justiça agora é nada. Nem a justiça sabe onde ela e a paz estão.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O repouso eterno de mais um coração.


Esse monstro vulgo amor é complicado de se lidar.
Um dia a gente decide esquecer, no outro já estamos suspirando novamente... Enganamos a nós mesmos e permanecemos insatisfeitos naquele jogo de olhares. Naquele silêncio intimidador. Pior ainda é quando nos moldamos ao gosto de nossos amores e acabamos deixando de lado certas coisas, simples, mas que costumávamos gostar, só para agradá-los. Acho que, mais do que complicado, o amor é complexo. Quando se trata da vida alheia, qualquer ato amoroso fora do normal é condenado. Na verdade, invejado... Dariam tudo por um amor de verão como aquele.
A: Eu vou com você.

B: Seria egoísmo de minha parte pedi-la para abdicar de todos os seus amigos e familiares para partir com um sujeito que não tem nem onde cair morto.

A: Não me importa... De que adianta termos tudo se o que mais nos completa, o que nos faz viver, não está do nosso lado?

B: Não quero. Não quero vê-la sofrer encarando a realidade. É dura de mais... Teu pai te criou dentro de uma esfera onde tudo parece ser esplendoroso. A verdade é que nada, nada do que viu até agora, se iguala ao que acontece lá fora.

A: Não me deixe. Suplico-te.

B: Tarde de mais. Adeus.

A: Não!

B: Ao dormir, deite-se de lado... Minha alma decidiu ficar e precisa de um lugar para repousar. Com você. Para sempre.

CLÉC. Mais um coração partiu-se.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Rumos.



Os problemas lhe tornaram uma pessoa fria. Calculista. Quando se vira para trás, a sombra do passado aparece transbordando rios de decepção. Toda manhã, quando abre os olhos, a caixa das lembranças de uma vida já alegre o invade, porém ela se fecha como ele também. A realidade se torna um caos em sua mente e se dá conta de que a pessoa que o fazia sorrir no passado já não está mais presente. O branco se torna preto. Sorrisos convertem-se em lágrimas já não limpadas pelo polegar macio que lhe dava arrepios. O brilho de ontem transforma-se na escuridão de hoje. Só a educação o faz falar, o que queria mesmo era ouvi-la mais uma vez e guardar suas palavras no silêncio de sua alma. Já não há mais distrações que quebrem sua exaustiva rotina.
Trabalho. Metrô. Casa. Cama. Esse era seu trajeto. Porém, a estrada da vida que lhe dava vontade de seguir era a felicidade. O único caminho que o unia a sua metade. Estava incompleto. Despedaçado. E não havia nada que mudasse seus pensamentos. Repousava seu corpo na cama todas as noites. Pensava em tudo o que já tinha pensado de manhã. E assim se sucediam os dias... Aqueles malditos pesos que se arrastavam e quase nunca cruzavam a linha do passado para finalmente pertencer a ele. Pensava em como era feliz e não sabia. Em como se preocupara com problemas banais quando se tinha um enorme agora.... Esse sempre foi seu problema. Olhar excessivamente para os problemas mínimos e esquecer de sua alegria. Atualmente, a alegria se fora e os reais problemas vieram.

* Olhe para frente, não se importe com os lados. Se, por um momento, sua atenção desviar-se do foco, deixará escapar o que mais lhe importa.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Doce IIusão.


Esse tempo todo sem você só me fez sentir mais vazia. Quando partistes, levou de mim a melhor parte, você. Era como se o tempo houvesse parado, como se eu entrasse num coma eterno.
Minha respiração era reforçada. Meu pensamento era sempre em dobro, como se ainda houvesse um casal, tentando enganar a mim mesma de que você estava aqui. E quando realmente descobri que tinha me deixado, a grande constelação presente no céu havia se apagado. A lua não estava mais cheia. O crepúsculo solar já não tinha tamanha beleza. O eclipse, ao meu ver, não era mais um corpo celeste que se sobrepunha a outro, mas sim uma estranha escuridão que ofuscava toda a luz. A vida não era mais uma eterna alegria, tudo parecia similar de mais.
Sua partida me fez amadurecer e enxergar uma linha que eu nem sequer havia traçado, encontrando novamente o início do percurso. Agradeço por me mostrar que é de derrotas que se vive a vida e que estamos todos vivos para superá-las. Você, com certeza, foi uma delas.